Meras Imagens...

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Karen Facchinetti

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Alquimia de um olhar...

-Humm, que luz é essa que me ofusca os olhos? Tive a impressão de ser uma luz diferente, intensa e cheia de vida. Tinha um tom que se um dia cheguei a ver não era tão presente como naquele momento. Havia uma nitidez ofuscante naquele feixe de luz. Eu podia enxergar tons em cada cor.Acho que foi o efeito de Jorge Vercilo que me fez esquecer a janela do quarto aberta no dia anterior. Depois de registrar meio que inconsciente as poesias do “Himalaia”. – Alquimia é reter as montanhas no o... Eu realmente deixei fluir...
Era um domingo como outro qualquer, um daqueles dias em que e há nada para fazer, mas muito para pensar... eu só conseguia sentir...
Quis localizar o sol pela fresta da janela, não o encontrei. Aquele flash rebateu em mim uma enorme vontade de sair do sono em que me encontrava.Pulei logo da cama,tomei meu banho e ao me trocar e escolhi o vermelho mais vivo para vestir eu nem sabia o porquê.
Sem exitar puxei minha câmera,abri a porta de casa e me deparei com a rua. Parei por um instante ao perceber que minha vista estava embaçada e que via tudo desfocado. Logo passou, e resolvi que naquele momento levaria minha teleobjetiva.
Eu queria enxergar o mundo como ele realmente se mostra. Com todos seus ângulos, perspectivas, profundidade e cores.Compreender todos os tons, cinzas pesados, tristes e nostálgicos.
Avistei um senhor que vestia um preto tão pesado como seu semblante, vestia uma roupa amassada de um relaxo proposital. Talvez eu tivesse uma visão distorcida daquele senhor. Foquei nele minha câmera e disparei.Reparei que uma moça corria para um lugar que não se sabe onde.Tinha muitos livros nas mãos e um ar preocupado. Num instante todos seus livros foram ao chão e com eles todas suas preocupações. Mais uma vez mirei minha câmera, só que na moça com os livros e usei a velocidade mais alta para congelar todo aquele movimento , o instante em que os livros caíram.
Olhei ao meu redor e vi milhares de elementos e pessoas, mas não pude reconhecê-los, abaixei minha máquina. Logo vi uma rosa tão rosa na mão de um rapaz prestes a presentear o seu amor. Aumentei o alcance de minha lente, criei proximidade, então mirei a moça que recebia a flor, ela sorria. Fotografei o amor daquele casal e alegria daquela jovem. Depois daquela cena, saí atirando em tudo o que “enxerga”.
Matei cada instante e os eternizei para que pudesse trazê-los de volta. Algumas paisagens ficaram em mim. As palavras saltavam de meu olhar e voltavam ao mesmo tempo.
Ao fotografar uma rua , uma senhora me disse: - Abaixe mais, pegue mais para lá, assim é que fica bonito. Concordei com um sinal. Escolhi melhor ângulo por mim encontrado, os melhores elementos, foquei o que achava importante... e assim passei todo o dia. Tentando reter o que não podia alcançar.
Fiz a foto de um pôr do sol, de um amarelo quase laranja, suave que aquecia o meu rosto. Quando disparei o obturador foi a suavidade que eternizei. Voltei para casa exausta, mas com um mundo transformado.E num golpe impensado, deixei cair a máquina no chão. A tampa se abriu. Sabia que tudo o que havia fotografado havia se perdido. Triste, deitei com a poesia de Himalaia, mas desta vez não dormi. Tudo que reti através de minha lente não saia de mim...

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