Meras Imagens...

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Karen Facchinetti

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Caminito


Nesta sala eu me encontro em tua vida toda vez que as lembranças me procuram ou que me acho num laço incontestável. Não unidas pelo vício do cotidiano, não pelo contato direto da visita. Às vezes te encontro em pensamentos, às vezes nesta casa.
A luz baixa que compõe estes cenário nos transporta às figuras dessa história. Recostadas sobre o braço do sofá, que poucas vezes nos escutam conversar, eu transponho este quadro reluzente. Figuras viradas ao horizonte, assim ficamos neste momento.Pensamentos compassados seguem e se levam nas viradas desta milonga. Não há outra forma neste mundo de descrever -te em pensamento. E meus pensamentos pulsam nesta dança. Milongas,milongas...


Caminitos que não voltam vó querida.. que se foram nesta estrada e não mudam... São caminhos de contrastes, e este sangue que escorre das feridas eu não posso ao menos me sujar. São estrondos que tuas palavras derramaram, são perdões esquecidos.
Quando toco suas marcas com meus olhos, são marcas sentidas e que justificam o seu texto proferido. Eu me aflijo dessa ardência que não sara.
Eu te encontro num Gardel , que eu quase não te beijo a face amiga, mas te abraço no encontro das batidas .Tão distintos sentimentos em sua existência, tanto amor, tanto rancor te faz viver. Palavras que a alma deixa escapar, arrependimentos.Teu sorriso tem ternura endurecida, teu amor é uma cobrança sem calor, ainda vibra.Diga Adeus a esse caminho de amargura, agarre os passos que seguem a Vida...

Outro dia , não me esqueço, você disse : Quando partir desta para melhor todos os cds de tango serão seus, porque seu gosto é como o meu. Essa é minha lembrança, e assim lembre de mim.


Mas te digo que o calar das tuas veias não motivam a poesia da saudade maior. Mas entendo que a trajédia de um tango é o auge da lembrança que deseja.

Mas te proponho algo maior,vamos caminhar à Buenos Aires, e seguir o caminito colorido. Imagens portenhas desejadas, vinho, drama, VIDA.
Me vejo em suas entradas, o bico que teus negros cabelos apontam, são meus..
A distância física pode esquecer as evidências, mas este DNA marcado estrala a todo instante. Música, tango, milonga. Assim somos família.

Por isso vamos seguir através de mim as frustações que o tempo te deixou,
pois caminito que se foi, é caminito esquecido...
E no dia em que partir, saiba que há muito está em minha lembrança, que este tango é uma trajetória de confissões. Que antes da morte, você sempre foi viva.


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