Meras Imagens...

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Karen Facchinetti

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Intervozes

" A luta pela democratização da mídia se insere em uma luta mais ampla, pela garantia ao direito humano à comunicação e, consequantemente, por uma sociedade justa e democrática, onde os direitos dos trabalhadores e de toda a população sejam respeitados". Intervozes - Coletivo Brasil e Comunicação Social

domingo, 29 de abril de 2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Poema de Aniversário


Desperta, chora, grita!
Arranca do peito esse ar que te habita.
Que te faz livre.

Vamos, consiga!
Bata forte, assopre, aperte o gatilho da vida.
Nascer, renascer, encontrar o prazer divino.

Vamos lá, em frente!

Anda e vê como tudo é passageiro
Como ser humano é profundo
E olhar o céu é sagrado

Espia a espreita a tua chegada
Afugenta o drama, que a tristeza volta sempre!
É inevitável

Acorda a esperança!

Ei, olha, enxerga!
Mais uma vez você vive.
Nada mais importa, nada mais surpreende.

Ninguém vê sua chegada,
Nem as folhas que caem contigo.

Sorria, umedeça os olhos. Brilhe!

Veja... amanhece.É dolorida a chegada.
Sua presença permanece.

Escuta agora com atenção!
Ouvidos , alma, coração
Chove aqui dentro, nada muda...

Só há o silêncio... Escuta... Só escuta...

sábado, 7 de janeiro de 2012

menina que sevaca o mar...


1 - a menina que secava o mar...

Chorou dois dias incessantes. Uma correnteza de lágrimas desembocavam em solidão. Lágrimas arrastadas pela força da vida que cobra da fonte a água cristalina. Depois de tanto passear, de perambular brilhosa e transparente, retorna poeirenta e, pesada.

A meninota, miúda e pálida, que um dia coube numa caixinha de sapato, chorava na intensidade do bravo mar, aquele que profana dias difíceis.

Secava o mar com força e intensidade, porque não gostava de chorar. Mas o mar que não seca, molha, e a menina que secava o mar, molhava-se de saudade.

Lembrou um dia de sábias palavras: a vida retorna ao centro com força, intensidade e gratidão. Chorar é preciso menina, mas seque as lágrimas que desembocam no coração.

E a menina que chorava, chorava em forma de oração. Orar era seu maior conforto.

E assim, secava as orações que no coração mergulhavam. O mar bravejou por dias dentro daquele corpinho, que ausente de conforto, sem enxergar cais, navio ou qualquer sinal de vida, apenas sentiu o frio do desalento.

Seu peito que forte batia, no descompasso de melancolia recente, sentia fome, sentia sede, sentia saudade. Sentia o gosto molhado e seco das lágrimas, não de uma tristeza, não da morte, mas de uma nova força que as águas anunciam.

Secar o mar era sua oração, chorar, sua força para abrandar águas turbulentas de um ciclo que termina ...


2 - a menina que secava o mar...


Ceci tinha os cabelos compridos e os molhava sem propósito enquanto curvada rente a areia da praia. Agachada, chorando, agarrada à sua oração, reflexos de gotas embebiam seu rosto terno e sofrido.

Todos os dias Ceci se entregava aquele ritual. Agachada rente aos pés de tanto sentimento, o mar engrenhava em seus cabelos e os tornava úmidos .

A menina não entendia o motivo de tanta solidão, mesmo ela sento tão sozinha, e nunca ter sentido o calor de seus pais num abraço de acolhimento. Deus existia, e estava em seu redor.

Ela podia vê-lo bem cedinho, quando o sol se revelava , e no horizonte, sentia-o quente e reluzente, dizendo o bom dia fraternal que nunca escutou de sua mãe. Quando no caminho de volta chutava as conchinhas, que de serem muitas vislumbravam ser multidões. Almas que migravam leves sob aquele cenário harmonioso.

Podia escutá-lo deitada numa canoa abandonada, avistando os ventos que puxavam as correntezas, mirando as folhas secas que seguiam seu curso. Quando as estrelas brilhavam, lindas sob seu corpo estirado cega de tanta beleza.

Ceci vivia dentro de si uma enorme contradição. A incômoda felicidade expressa pelos fragmentos de sua essência, e a nostalgia dos mares que reviravam suas angústias.

- Será que a solidão vem de mim? Ou desse mundo onde não sei quem sou?

Pegou sua bicicleta, pediu licença a qualquer deus existente , beijou o medalhão com a foto de seus pais , abriu um portal mágico distinto entre dicotomias, e seguiu seu rumo , com Deus, com a natureza, com seus destino inquietante...