Meras Imagens...

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Karen Facchinetti

sábado, 22 de agosto de 2009

Um auto retrato da mulher e sua essência



Ao contrário do que possa imaginar este não é mais um texto feminista prestes a rasgar o sutiã e jogá-lo na cara de uma sociedade enrustida e hipócrita para defender os interesses de mulheres que incorporaram a gravata em sua alma. Não.
A coisa é mais doce do que se imagina.
Guardo neste momento em uma caixa colorida e de tons pastéis todas aquelas discussões sobre a desvalorização, omissão e rejeição da mulher, que tão discutidas foram, são e sempre serão, para falar de ESSÊNCIA.

Durante alguns anos de minha vida caminhei para essa palavra que nunca me deixaria e que em fragmentos nunca me abandou. Desde pequena minha alma é livre, talvez, por isso eu tenha me aproximado tanto da realidade do homem. Brinquei de casinha, boneca, bolinha de gude e pega-pega. Assisti Jaspion, Capitão Planeta, Tander Kets e Moranguinho. Desci morro em papelão, ralei joelho e sumia pelo condomínio onde moro deixando minha irmã de cabelo em pé. O que fui? Menino ou menina? E te respondo: fui criança. Se por um lado a forte introspecção me empurrou para trás dos palcos de uma sociedade imediatista, também me defendeu das regras do mundo. E a vontade de buscar o mundo fora de casa me fez forte. Uma mulher forte.

Certa vez Maitê Proença comentou no programa Café Filosófico sobre essa visão ampliada de ver a vida e de buscar as coisas do mundo tão características do homem por questões históricas e culturais. Pois bem, a mulher chegou ao cume da montanha após percorrer um longo caminho. Forte soltou uma voz antes embargada, vontades antes sufocadas e usa de toda a sua altura para se colocar diante da sociedade, do homem e da vida. A questão é: de quais vestimentas a mulher se apropriou para romper as mágoas do preconceito? Que espécie de armadura está usando para comemorar suas vitórias e principalmente, para chorar suas derrotas?
Pelo o que posso perceber vestem-se com peças que não cabem a sua alma e quando cabem não sabem como usá-las. Ralamos nossos joelhos de dia e calçamos nossas pantufas à noite.Conquistamos seja lá de que forma a oportunidade de desenvolvimento intelectual e sexual, mas cegas pela ideologia das calcinhas fio dental esquecemos de pesar na balança das nossas emoções os nossos verdadeiros ganhos e perdas.

Hora, utilizemos da racionalidade pontual de Maquiavel. Não que considere tudo isso uma guerra, mas por que será que estamos perdendo tantas batalhas emocionais?
Diante de muitos erros e reflexões sobre a minha natureza, diante do meu ser pensante,arisco, forte, mas não menos feminino, percebi que as energias HOMEM X MULHER não se sobrepõem uma a outra entendendo–as na subjetividade do universo, mas que se complementam. E que devemos utilizar os nossos ganhos intelectuais não para apontarmos o dedo no que chamamos de oposto, mas sim ascender essa compreensão do ser e de si para contornarmos as diferenças dessas naturezas, já que em ESSÊNCIA não somos guerra e para que possamos realizar o nosso sonho infantil do que chamamos de AMOR. Talvez alguns me achem medíocre, outros conformista, mas tal o que nos é concreto diante do que o passado nos aponta no presente, usemos a nossa nova capacidade de desbravar o mundo para enxergarmos a realidade, evitando assim, as feridas da nossa ESSÊNCIA. Se defendermos nossas idéias como homens, teremos uma guerra cega, mas se agirmos como tal somos maior a chance de termos apenas alguns arranhões.
E no final de tudo, mesmo nas batalhas, não são armaduras, ternos e gravatas que nos farão mais fortes ... NUNCA FOI...