Meras Imagens...

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Karen Facchinetti

terça-feira, 6 de maio de 2008

Texto dos meus dias.

Estou apaixonada pelo texto que posso ser. Afirmo o ponto que uso , me prolongo na reticências que sou. Mas não quero minha vida num parênteses qualquer.
Posso ser todo dia aquilo que sinto , ponto . vírgula, exclamação.
Das palavras posso derramar lágrimas ou da entonação retirar um sorriso.Dos dois juntos então!
Me faz bem extravasar o alfabeto que há em mim. Só não sei com que letra começo... Talvez o A seja a melhor direção...
No livro que minha vida segue, rabisco aquilo que já é traço. E como deve terminar um texto?
Todos os dias escorrego e tropeço em palavras, todos os dias elas me entorpecem!
É um vício, um hábito, uma loucura que se renova em mim.
Letra a letra, sílaba a sílaba eu teço o fio do momento, do passado, do destino. Eu mexo no universo, porque as palavras tem essa força. Acredito assim.
As vezes as palavras me escapam, soltam -se, são atiradas do pensamento, sem pensamento.
Fogem de mim quando não as quero. Correm pelos braços, se atiram da minha boca, saltam do meu olhar... um movimento e pronto .. palavras...
As vezes, alguém as toma de mim. Não pedem licença, arrancam a fórceps aquilo que é gerado em silêncio.
Mal sabem que este silêncio grita! Por que o branco não é a ausência de luz...
Que me batam, que indiquem o verbo e o adjetivo mais torpe e sem escrupulos para mentir na frase mais doce...
Digo apenas o que acredito... e quando não digo acredito também.
Minhas 27 páginas são brancas... não há tinta, não há relato em cor azul, preta ou de qualquer tipo. Há cores imaginaveis, profundas e cheias de luz. Mas não há uma gota de tinta em meu texto... há um quê de mistério. O olhar de monalisa redige o que pretendo esconder...
Sou cristal que reflete, mas não quebra.
Sou pena que balança, mas escreve.
Redijo textos interminaveis nas imagens que crio. Recrio, indico, transformo. Que transformem em mim, através de mim.
Escrevo texos, escrevo imagens, escrevo gestos, escrevo gostos. Escrevo tudo o que é escrito e tudo o que não é dito.
Corro através de um vocabulário interminável de pensamentos indiciais que se renovam nas idéias e seguem um ciclo. Começo tudo de novo, por que posso voltar atrás com as palavras. Por que as mesmas são flexíveis e ao mesmo tempo podem ser duras.
Uma vez dita está escrita. Mas volta-se atrás...
Qual o tamanho do EU TE AMO? Isso escreve-se para sempre. Pois ama-se para sempre.
Sem percebermos as palavras voam no ar, aquelas que não temos consciência, aquelas que já esquecemos, aquelas que pretendemos disseminar... todas juntam-se num certo espaço, no universo e fazem parte de uma história, a história do ser humano. Estão ali, marcadas, dançando ao vento, loucas, roucas e surdas.
Palavras que não voltam, que seguem e que ficam, palavras que compõe a página de um livro. O livro indivíduo.
Dou o tamanho ideal às palavras que escolho, sou do tamanho que elas me ocorrem.
As vezes romance, as vezes crônica, notas ou artigos.
Não importa a ordem, ainda as termino ...







Um comentário:

Marcelo Fabri disse...

Poxa...que bonito, hein? Gostei muito.

Beijos

Marcelo