Da janela, folhas gélidas e secas balançam empurradas pelo vento. Apanham da chuva que gota a gota, zunindo o som corrente do céu, derrama-se pelo concreto, chorosa, corredeira fria de um dia cinzento.
O frio atravessa livre e imperioso pelas grades, soprando baixo contos desconhecidos.Transforma meu rosto pálido, branco, quase que em algodão. Apresenta-se penetrante, navalha que acaricia a pele.
O sopro de uma tarde como esta não assusta, nem ao menos paralisa mãos e pensamentos. Caneta há tempos adormecida.
A penumbra do apartamento acentuada pela falta da luz e pelo eco de um silêncio misterioso convoca-me claramente a recolher-me entre tintas e papéis, acolhida pelo bolo das cobertas retiradas de uma gaveta esquecida no canto da inspiração.
Longe da ânsia, dos medos, fobias que a vida me impõe, obrigo-me e sou obrigada a encontrar-me com o encantamento. Voar é preciso. Sonhar é inevitável.
Adentro um caminho emoldurado pelas curvas de uma Barcelona misteriosa, onde ruas, postes e neblinas compõem um cenário regresso de almas que iluminam. Espectros e rastros de vidas que se perpetuam através de histórias.
Em muitos momentos como este, arrebento o vidro cruel da realidade e me lanço numa fotografia qualquer. Revivo o passado que em mim habita. Despenco as escadarias de um templo escondido onde o calor dos livros me traz o fôlego da existência.
Comparo dias e noites, ventos e sombras.
Sigo o reflexo molhado dos faróis dos carros, que envoltos por camadas finas de gelo, transformam a morbidez melancólica da cidade num palco de nuances, riscando a escuridão do inverno em amarelos e vermelhos intensos.
Frios de Zafón me acometem de um movimento, no qual a arte é refúgio para dias difíceis.Frios de Zafón me levam para qualquer lugar de uma São Paulo embevecida pelas diferenças, onde pessoas ganham contrastes carregados de claro e escuro numa composição contraditória e perfeita.
Dias como este nunca chegam só. Soam latente o som de violoninos e acordeons, pungentes na antítese de um tango de Piazzola, cravando personagens entre o doce e o trágico. Transformam a vida numa gravidade pontual.
O frio atravessa livre e imperioso pelas grades, soprando baixo contos desconhecidos.Transforma meu rosto pálido, branco, quase que em algodão. Apresenta-se penetrante, navalha que acaricia a pele.
O sopro de uma tarde como esta não assusta, nem ao menos paralisa mãos e pensamentos. Caneta há tempos adormecida.
A penumbra do apartamento acentuada pela falta da luz e pelo eco de um silêncio misterioso convoca-me claramente a recolher-me entre tintas e papéis, acolhida pelo bolo das cobertas retiradas de uma gaveta esquecida no canto da inspiração.
Longe da ânsia, dos medos, fobias que a vida me impõe, obrigo-me e sou obrigada a encontrar-me com o encantamento. Voar é preciso. Sonhar é inevitável.
Adentro um caminho emoldurado pelas curvas de uma Barcelona misteriosa, onde ruas, postes e neblinas compõem um cenário regresso de almas que iluminam. Espectros e rastros de vidas que se perpetuam através de histórias.
Em muitos momentos como este, arrebento o vidro cruel da realidade e me lanço numa fotografia qualquer. Revivo o passado que em mim habita. Despenco as escadarias de um templo escondido onde o calor dos livros me traz o fôlego da existência.
Comparo dias e noites, ventos e sombras.
Sigo o reflexo molhado dos faróis dos carros, que envoltos por camadas finas de gelo, transformam a morbidez melancólica da cidade num palco de nuances, riscando a escuridão do inverno em amarelos e vermelhos intensos.
Frios de Zafón me acometem de um movimento, no qual a arte é refúgio para dias difíceis.Frios de Zafón me levam para qualquer lugar de uma São Paulo embevecida pelas diferenças, onde pessoas ganham contrastes carregados de claro e escuro numa composição contraditória e perfeita.
Dias como este nunca chegam só. Soam latente o som de violoninos e acordeons, pungentes na antítese de um tango de Piazzola, cravando personagens entre o doce e o trágico. Transformam a vida numa gravidade pontual.
Dias assim me atropelam de admiração na ausência dos risos frouxos de um verão gotejante.
Um comentário:
Poxa...que texto bonito. Prosa poética. Já li umas 3 vezes e não canso.
Também escrevi um texto sobre o frio em janeio de 2008:
http://amoraosdomingos.blogspot.com/2008/01/vento-frio-domingo-aps-o-trabalho.html
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